quarta-feira, 12 de outubro de 2011

VAMOS AO TEMPLO, DO CONSUMO


Recentemente, tivemos o feriado da Divisão do Estado, de Nossa Senhora Aparecida e a antecipação, pra quem estuda ou é da área da educação, do Dia do Professor, para o dia 10 de outubro. Um feriado prolongado e bom para se descansar, rezar e para ser aproveitado em família e com os amigos. Mas assim como a Festa do Natal, a liturgia celebrativa da data, foi substituída pelo consumo do Dia das Crianças. Não que nossas crianças não mereçam ganhar presentes, mas nossas vidas e nem a delas devem ser pautadas por isso.

Para nós - pais, padrinhos, tios, avós, etc – é quase uma obrigação o cumprimento do rito de presentear nossas crianças com os vários tipos de brinquedos que as publicidades dizem, quase que de forma impositiva, que nossas crianças têm que ter.
O Brasil é um dos poucos países que não tem legislação que regula a publicidade de produtos voltados para o publico infanto-juvenil. Aqui tudo é liberado. Em outros países, muitos deles, dito do primeiro mundo, têm leis específicas que controlam as propagandas para esse público afim de que não haja um incentivo ao consumismo, à erotização e à violência desde cedo. Já no Brasil isso não existe. Segundo pesquisa do site InterScience, de 2003, que trabalha com o tema do consumo responsável, em nosso país, cerca de tudo o que se consume dentro de uma casa, 80% é influenciado pela vontade ou não das crianças que nela moram. Desde um inocente brinquedo até o automóvel da família. As publicidades de produtos infantis, sabiamente não são dirigidas a nós adultos. Elas são dirigidas às crianças, já que são elas que decidem. 80% também é o percentual dos produtos anunciados na programação infantil que são riquíssimos em gorduras e paupérrimos em nutrientes, segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Em outros países como a Inglaterra, Canadá, Noruega, EUA, Itália, Bélgica, Holanda, Suécia, Alemanha, além de Portugal e Dinamarca, existem leis severas que coíbem abusos e outras até proíbem qualquer tipo de propaganda para o público em questão.
Precisamos urgentemente fazer um debate nacional sobre essa influência em nossas casas. Precisamos discutir o lobby das empresas fabricantes e das importadoras desses produtos sobre nossos parlamentares federais para que não façam esse tipo de debate na Câmara Federal. Isso é grave e precisamos encarar de frente. Não podemos ter jovens matando outros jovens pela “simples” satisfação de se ter aquele tênis que o outro tem e ele não. Não podemos ter crianças ansiosas para ganhar aquele brinquedo que depois de um dia, ou quem sabe uma meia hora apenas, não querer mais saber dele. Precisamos resgatar o encantamento pelo brinquedo e não o “enganamento” da publicidade. Precisamos ter uma mídia que educa para o consumo com reflexão e para a cidadania. Por fim, precisamos começar a mudar nossos próprios hábitos de consumo, além de educar nossas crianças para que tenham responsabilidade ao comprar.

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