Muito tem se falado, pelo menos nesses últimos cem anos, através da imprensa, sobre a corrupção política no Brasil. Alguns até insistem em dizer que todos os problemas, de todas as sortes, que acometem o nosso país, são ocasionados por conta de termos um dos países mais corruptos do mundo. Alguns ainda tentam justificar essa vergonhosa situação como um fato histórico e cultural, haja vista que Pero Vaz de Caminha, já em sua carta de descobrimento, instaurava o nepotismo.
Sendo comodismo, histórico, cultural ou não, o fato é que esse assunto tem sido pauta de todos os jornais há anos e muita pouca coisa tem-se feito no sentido de combater essas práticas. Com isso, boa parta parte da população não tem tido o interesse necessário para acompanhar as discussões de forma mais aprofundada oferecidas pela nossa democracia conquistada à custa de muitas vidas.
Os jovens são os principais reflexos desse desencanto. Não se vê mais envolvimento dos nossos estudantes como houve em tempos atrás em causa nobres como o direito à liberdade de expressão, envolvimento nos movimentos sociais populares ou não, ou a luta pela Direta Já e pela democracia. A principal luta hoje do movimento estudantil é a venda das “carteirinhas” que garantem a meia entrada em qualquer atividade cultural. E disso eu falo com propriedade já que fiz parte intensamente desse movimento quando do período de estudante universitário.
Mais recentemente alguns jovens tentaram, repito, tentaram promover uma Marcha pela Corrupção em todo o Brasil. Aqui em Campo Grande o vexame foi maior ainda. Conforme matéria veiculada pela imprensa local, apenas doze heróis estiveram no pátio da prefeitura empunhado faixas pela moralização na política, mesmo com uma mobilização forte e a confirmação de mais de mil pessoas pelas redes sociais.
O que eu quero dizer é que a corrupção não acontece somente no meio político como muitos pesam. A corrupção está em todos os lugares, sejam estes públicos ou privados. Lembram da Lei de Gerson? No caso aqui o Gerson é aquele jogador de futebol, campeão do mundo na Copa de 70, que em propaganda de cigarro dizia que só pensava em levar vantagem em tudo. Pois é, boa parte da população, principalmente em época de eleição procura aplicar a Lei de Gerson. Isso é fato! Até algumas pessoas esclarecidas buscam algum tipo de benefício nessas épocas justificando que o candidato está oferecendo e ele está precisando, então por que não aceitar o “agrado”. Isso também não seria corrupção por parte de quem aceita? Por acaso esse dinheiro, combustível ou qualquer tipo de doação recebida está na prestação de contas de quem a doou? De onde veio esse dinheiro gasto com essa “doação”? Qual a intenção do candidato que gasta bem mais do que aquilo que ele vai receber em salário se eleito for?
Sempre digo que nenhum político apontado como corrupto pela imprensa ou pela população caiu do céu direto para o parlamento ou no poder executivo. Os cupinchas pode até ser que tenham caído do céu, mas os eleitos não. Então, quem os colocaram lá senão a própria população?
Por fim, creio que a função principal da imprensa seria o de ter um papel educativo sobre a corrupção. A corrupção não só no meio político mais na vida pessoal de cada pessoa. Sei que a prática da honestidade e a opção pela ética e pelo que é moral vem de berço, mas pode-se adquirir ou longo da vida através da reflexão e pela influência do meio em que vivemos. Como nossas vidas são “pautadas” pelo que a imprensa nos projeta, penso que seria mais útil se ela elaborasse projetos que divulgasse uma programação que tratasse de um envolvimento com aquilo que é ético para as próprias pessoas. Não há como acreditar de só fazendo o papel de denunciante a imprensa já estaria cumprindo seu papel social para moralizar e sociedade.
Mas até esse tema da ética interferir na própria imprensa já seria tema para, quem sabe, um outro artigo.
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