Estamos vivendo
mesmo um novo momento da história. Diz alguns historiadores, e eu concordo com
eles, que vivemos uma transição do período histórico, passando da Idade
Contemporânea para outra que ainda não sabemos qual é. No entanto, percebemos
mudanças claras que os tempos são outros e o que parecia moderno e
revolucionário até bem pouco tempo, hoje já se torna obsoleto tamanho os
avanços tecnológicos e mudanças de comportamento das pessoas nos dias atuais.
Talvez
acompanhando essa mudança que esse novo tempo exige, a Igreja Católica deu
sinais de que está agindo nesse mesmo caminho, o caminho da transformação.
Quando o Papa, agora emérito, Bento XVI foi eleito, em 2005, muitos
especialistas (vaticanistas) diziam que ele seria um para de transição por
conta da Idade avançada. Agora que começo a entender que essa transição não
dizia tão somente a passagem de um papa para outro e sim dos rumos que a Igreja
deveria tomar para o próximo período. E esse período chegou.
A eleição do
Papa Francisco traz algumas mensagens que todo o mundo deve absorver, sobretudo
o cristãos católicos. A própria renúncia do seu antecessor, coisa inédita para
a Igreja nos últimos 598 anos dá o sinal de que àquela Igreja se cansou junto
com o Bento XVI e que o mundo já não queria ver um papa se definhando no poder.
O papa é a imagem incarnada de da missão de Cristo na Igreja e esse ardor
missionário não pode se esvair junto as debilidades humanas do Sumo Pontífice.
Outro sinal, é a escolha de um líder vindo de um continente emergente, que
começa a ganhar projeção e respeito mundial após séculos de colonização e
subserviência aos grandes centros econômicos. Tem ainda o fato de o novo Papa
ter adotado o nome de um dos santos mais populares da Igreja e que tem uma
imagem muito ligada à defesa do povo que ainda não tem sua dignidade plena
atendida pelos poderes humanamente constituídos. Outro ponto interessante foi o
discurso feito logo após sua eleição. Ele falou pela primeira vez como papa na
língua italiana que, embora seja de origem latina, é considerada uma língua
moderna. Isso que dizer que não somente o papa mas a Igreja que falar a língua
do povo. Ela que falar para que o povo a ouça. O fato de ter voltado para seu
aposento junto aos outros cardeais no mesmo ônibus, tendo abrido mão de sua limousine exclusiva, também é um sinal.
É o sinal de que ele quer caminhar junto à Igreja e não à sua frente e nem à
sua retaguarda. Tudo isso, e muito mais, são sinais de que tempos novos vem
pela frente.
Com tudo isso
então, esperamos que a Igreja de hoje, se aproxime cada vez mais do seu povo,
esteja aberta às mudanças e saiba entender que a estrutura eclesial deve se
aproximar definitivamente dos empobrecidos e ser sua voz no mundo. A Igreja
deve usar sua voz profética para denunciar a fome, a violência e a exclusão que
assolam grande parte da população mundial. A Igreja deve voltar para casa no
mesmo ônibus e falar a mesma língua dos trabalhadores que lutam para garantir
uma vida mais digna aos seus.
Por fim, gostaria de deixar sua própria mensagem
como fonte de inspiração para esse novo momento: “E agora, vamos começar esta jornada: o bispo e o
povo. É o caminho da Igreja de Roma, que preside à caridade em todas as
igrejas. Um caminho de fraternidade, amor e confiança entre nós”.
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