A prefeitura de Campo Grande através de seus gestores parece mesmo que não
é muito simpática à ideia de política de inclusão da pessoa com deficiência.
Além de não colocar em prática em seus órgãos públicos a própria lei que
estabelece o piso tátil em todas as calçadas, também relutou em dar posse à
professora Telma Nantes Matos, diretora do Instituto Sul-mato-grossense para
cegos (ISMAC), que passou num concurso público para professora da Rede
Municipal de Ensino, sendo ela deficiente visual. A luta dela perdurou por longos
três anos até que a justiça a concedeu o direito de tomar posse no início desse
mês. Mesmo havendo a garantia de reserva de vaga para pessoas com deficiência,
a professora foi impedida de assumir à época de sua aprovação, tendo ela feito
a prova em braile, o que, por isso,
já caracteriza má fé ou até mesmo discriminação dos administradores para que
ela assumisse sua vaga.
Há muito que as pessoas que vivem com algum tipo de deficiência precisam
de uma atenção especial aqui em nossa cidade. Alunos de escolas especiais, por
exemplo, tem uma grande dificuldade em se locomover de suas residências até às
escolas. Faltam ônibus adaptados, principalmente nos horários de entrada e
saída das crianças, adolescentes e adultos que frequentam essas entidades para,
não somente para estudarem, mas também para fazerem tratamento de reabilitação.
Existe ainda, a dificuldade da manutenção do repasse financeiro em dia por
parte dos poderes públicos para essas mesmas entidades, dificultando o desenvolvimento
das atividades no seu dia-a-dia.
Segundo dados do
último Censo do IBGE, cerca de 24% da população brasileira, ou seja, 46
milhões, se autodeclararam com algum tipo de deficiência, praticamente 1/4 do
Brasil. Se formos analisar friamente os números perceberemos o quão distante
ainda estamos da verdadeira inclusão dessas pessoas. Dessa parcela da população
a maioria é de mulher.
Entre os idosos, aproximadamente 68% declararam possuir alguma das deficiências.
Pretos e amarelos foram os grupos em que se verificaram maiores proporções de
deficientes (27,1% para ambos). Em todos os grupos de cor ou raça, havia mais
mulheres com deficiência, especialmente entre os pretos (23,5% dos homens e
30,9% das mulheres, uma diferença de 7,4 pontos percentuais). Em 2010, o Censo
registrou, ainda, que as desigualdades permanecem em relação aos deficientes,
que têm taxas de escolarização menores que a população sem nenhuma das
deficiências investigadas (mental, motora, visual e auditiva). O
mesmo ocorreu em relação à ocupação e ao rendimento. Todos esses números
referem-se à soma dos três graus de severidade das deficiências investigados
(alguma dificuldade, grande dificuldade, não consegue de modo algum).
Isso revela que todos os governos tem pensar numa estratégia política de
não somente dar acesso arquitetônico para essas pessoas, como também pensar
numa forma de incluí-las no mercado de trabalho, nas universidades e nas
próprias escolas regulares. Isso se chama acessibilidade atitudinal.
Deve haver uma política
pública que fuja do mero assistencialismo e que promova a igualdade de direitos
resguardando as diferenças que os caracteriza como diz o sociólogo português
Boaventura de Souza Santos. Isso não é um desafio tão somente para o prefeito
atual de Campo Grande e para o seu sucessor, mas de toda a sociedade e pessoas
que tem ou não alguma deficiência. Ao contrário da doença, a deficiência é algo
permanente e pode ter sua origem desde a formação do feto, no parto e até mesmo
através de um trauma adquirido. Portanto, nenhum de nós estamos livre da
deficiência. E para se fazer um defensor dessa causa não basta ter uma
deficiência ou ter alguém na família nessa condição. Basta ter a sensibilidade
de que a justiça e o direito estejam acessíveis a todos.Fonte: http://tinyurl.com/aagjlt4
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