Período eleitoral é um momento forte e importante de favorecimento do
debate de ideias e de propostas administrativas para a nossa cidade. É o
momento em que as pessoas saem de suas casas e vão convencer seus amigos e
vizinhos e seguir suas ideias e as propostas dos candidatos que elas
representam. Eu particularmente gosto muito disso e, tenho certeza, de que
esses momentos nos fazem crescer como cidadãos preocupados com os rumos da
sociedade onde vivemos. É uma pena que essa disposição de se debater acaba se
resumindo a esse período e geralmente acabam se focando na pessoa do candidato
ou em ideias que não estão em pautas para uma eleição municipal. Creio que não
devemos ficar alheios a outros temas, mas acredito que tem temas que devemos
discutir cotidianamente. Se esses assuntos não nos afetam diretamente,
certamente atingem outros cocidadãos que talvez tenham seus direitos muito
menos respeitados do que nós “civilizados”.
A questão indígena é uma delas. Embora a legislação específica é
elaborada e acompanhada pela esfera federal, os municípios tem grande
responsabilidade sobre esses povos. Conforme o censo 2010, temos cerca de 817.963
pessoas se autodeclararam indígenas. Dessas, há uma população estimada de
315.180 que moram em cidades. Outros tantos, cerca de 502.783, vivem em
aldeias, algumas distantes e outras nem tanto da cidade.
Em Campo Grande, por exemplo, temos uma média de 12.000 indígenas que
moram na região urbana, algumas delas em vilas específicas, chamadas aldeias
urbanas, como a Aldeia Água Bonita, na região do bairro Nova Lima, a Aldeia
Marçal de Souza, na região do bairro Tiradentes e uma terceira na região do
bairro Jardim Noroeste, chamada Aldeia Darcy Ribeiro. Existem também vários
indígenas que moram espalhados pelos bairros da nossa capital e são muito
poucos os que se organizam em pequenos núcleos como o do bairro Guanandi. São
pessoas que estão inseridas no contexto urbano, trabalhando, estudando e
constituindo famílias, mas como forma de afirmação da sua cultura, se
identificaram como sendo índios no último senso de 2010.
Por isso, o prefeito eleito Alcides Bernal vai ter que dar uma atenção
toda especial à essa população, implementando políticas públicas específicas
como moradias dignas, principalmente aos que residem na Aldeia Darcy Ribeiro,
Saúde indígenas, escolas bilíngue, promovendo concurso de professores indígenas.
O prefeito e a população não devem ignorar esse assunto. Devem sim, olhar
com muita atenção e com muita disposição de incluir esse assunto na pauta da
política social para a nossa cidade nos próximos anos. Precisamos romper com a
triste realidade da discriminação das pessoas e do poder público para com essa
população. Precisamos criar uma cultura de acolhimento e da pacífica
convivência entre as culturas. Precisamos ter a humildade de aprender com essa
população a forma solidária de se viver como irmãos na construção da Terra Sem
Males.
Nenhum comentário:
Postar um comentário