terça-feira, 30 de outubro de 2012

O NOVO PREFEITO E A QUESTÃO INDÍGENA


Período eleitoral é um momento forte e importante de favorecimento do debate de ideias e de propostas administrativas para a nossa cidade. É o momento em que as pessoas saem de suas casas e vão convencer seus amigos e vizinhos e seguir suas ideias e as propostas dos candidatos que elas representam. Eu particularmente gosto muito disso e, tenho certeza, de que esses momentos nos fazem crescer como cidadãos preocupados com os rumos da sociedade onde vivemos. É uma pena que essa disposição de se debater acaba se resumindo a esse período e geralmente acabam se focando na pessoa do candidato ou em ideias que não estão em pautas para uma eleição municipal. Creio que não devemos ficar alheios a outros temas, mas acredito que tem temas que devemos discutir cotidianamente. Se esses assuntos não nos afetam diretamente, certamente atingem outros cocidadãos que talvez tenham seus direitos muito menos respeitados do que nós “civilizados”.
A questão indígena é uma delas. Embora a legislação específica é elaborada e acompanhada pela esfera federal, os municípios tem grande responsabilidade sobre esses povos. Conforme o censo 2010, temos cerca de 817.963 pessoas se autodeclararam indígenas. Dessas, há uma população estimada de 315.180 que moram em cidades. Outros tantos, cerca de 502.783, vivem em aldeias, algumas distantes e outras nem tanto da cidade.
Em Campo Grande, por exemplo, temos uma média de 12.000 indígenas que moram na região urbana, algumas delas em vilas específicas, chamadas aldeias urbanas, como a Aldeia Água Bonita, na região do bairro Nova Lima, a Aldeia Marçal de Souza, na região do bairro Tiradentes e uma terceira na região do bairro Jardim Noroeste, chamada Aldeia Darcy Ribeiro. Existem também vários indígenas que moram espalhados pelos bairros da nossa capital e são muito poucos os que se organizam em pequenos núcleos como o do bairro Guanandi. São pessoas que estão inseridas no contexto urbano, trabalhando, estudando e constituindo famílias, mas como forma de afirmação da sua cultura, se identificaram como sendo índios no último senso de 2010.
Por isso, o prefeito eleito Alcides Bernal vai ter que dar uma atenção toda especial à essa população, implementando políticas públicas específicas como moradias dignas, principalmente aos que residem na Aldeia Darcy Ribeiro, Saúde indígenas, escolas bilíngue, promovendo concurso de professores indígenas.
O prefeito e a população não devem ignorar esse assunto. Devem sim, olhar com muita atenção e com muita disposição de incluir esse assunto na pauta da política social para a nossa cidade nos próximos anos. Precisamos romper com a triste realidade da discriminação das pessoas e do poder público para com essa população. Precisamos criar uma cultura de acolhimento e da pacífica convivência entre as culturas. Precisamos ter a humildade de aprender com essa população a forma solidária de se viver como irmãos na construção da Terra Sem Males.

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